terça-feira, 30 de setembro de 2014

O Livro que livra

Minha pátria,
A solidão!
O silêncio,
Minha religião!
O pensamento,
Minha tentação!
A liberdade,
Minha ilusão!
A coragem,
Minha obrigação!
O deserto,
Minha real visão!
A escrita,
Minha salvação!
Meu caminho,
Sem direção!
Meu único sim,
É um não!
Meu vício, 
Está sempre à mão;
Basta abri-lo
Para sentir emoção...

Leninisia Alencar




domingo, 28 de setembro de 2014

Astrolábio

Um porto solidão
 Um barco vazio
Um vagar sombrio
Que não tem direção...

Um ser arredio
Sem nenhuma ilusão;
Que de tanto lutar
Pra achar um lugar
Aonde aportar,
Acabou por ter no peito
Uma bússola
No lugar do coração...

Leninisia Alencar


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Encontro

Foi só por um breve instante,
Mas foi o bastante,
Pra mudar,
todo o meu restante...
Já algum tempo faz,
Tive que partir
E deixar tudo pra traz...
E é bem capaz, 
Que eu nem veja aquele menino
Se tornar um belo rapaz...

Leninisia Alencar

( Para Nuno Fernando: meu neto)



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Psssssssssssssss!

Foi baixado um decreto 
Bem na hora do almoço;
Era preciso ser discreto
E ficou proibido,
Qualquer tipo de alvoroço!

... A mudez das mulheres,
Sem tilintar os talheres.
Houve um brinde leve,
Com um toque breve...

 Em silêncio todos comem,
Se comunicam por gestos
A mulher e o homem.

Nenhum um riso,
 ninguém fala!

Tudo isso só porque,
Sua majestade o Bebê
Está dormindo na sala...

Leninisia Alencar

(Para Nuno Fernando: meu neto)

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Solidão de Cuki

A Cuki é uma gata
Tá desconfiada
Se sente sozinha
E abandonada...

Ela está achando

Que que ficou sem destino
Depois da chegada
De um certo menino...

Só vive enrolada 

Debaixo da mesa
Pensa que se foi
Sua realeza...

Fica a imaginar 

Que foi posta de lado
Sentindo a gatinha 
Que perdeu seu reinado

Miaaaaaaaaaaaaaauuuuuuuu...

Pobre Cuki...

Leninisia Alencar

O visitante

Adeus Porto,
Dos meus anseios
Dos meus sonhos
E devaneios...

No teu contexto
Meu olhar se farta
Segundo a segundo
Antes que eu parta...

Ante ao arquitetônico despido
Me senti invadido
Totalmente inebriado
Pelo seu colorido
Seus Amarelos-mostarda,
Meu tom preferido...

...A vagar neste ensejo
Perdido me vejo
Ardendo em desejos,
Enamorando, os teus azulejos...

Minha alma a viajar
Por seus antigos casarios
Volitando assombrada
Por seus prédios centenários:

A atravessar janelas
Antigas e envidraçadas,
De cortinas românticas e delicadas.
Na Belle Epóque, se viu, extasiada...  

Então assim esvoaço
Nesse tempo e espaço
Pelas varandas e terraços,
Almejando, ficar em teus braços...

Suas ruas tão estreitas,
Suas pequeninas travessas,
Me fazem esquecer
De um mundo que vive às pressas...

Não raro, tropeçam os andarilhos
Ao se encantarem por seus ladrilhos:
Bebem nas fontes, cruzam as pontes,
Vão pelas praças, correm os trilhos...

Inveja faz-me a gaivota
Pois tem toda liberdade 
E pode ousar em sua rota
Sobrevoando pela cidade:

Decola e pousa sobre os telhados,
Nas chaminés e nos beirais
Paira nos muros, nos tetos dos carros,
Anda nas ruas e desce aos quintais

Suas tentativas sorrateiras
A surrupiar os peixes dos cestos
Como a fazer brincadeiras...

Depois volta pro mar
Para o seu constante ir e vir
Sem nunca se preocupar
Com a hora de partir...

Adeus Porto,
Dos meus anseios
Dos meus sonhos
E devaneios...


Leninisia Alencar

( Dedico este poema ao querido amigo Senhor Rubim)