segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Presente


Obrigado por ter olhado,
permitir o lado a lado,
sem mandar ficar calado.
Eu invadindo de repente
aquele silencioso ambiente,
pra contar algo inusitado.
Em momento tão sagrado:
de meditação e prece,
diante do seu divino teclado...
Obrigado por ter me ouvido, 
quando então distraído,
soltei o meu verbo alado
e  às vezes mal-educado!
Aceitando naturalmente
o meu falar abusado.
Descobriu meu segredo
tão bem guardado.
Não julgou, não  perguntou,
não comentou:
Em silêncio ficou,
À ninguém revelou.
Obrigado!
Que bom ter te encontrado.



Leninisia Alencar

A despedida

Nunca mais a natureza sobre a mesa
Nunca mais as folhas secas 
e flores murchas espalhadas pelo chão

Nunca mais pétalas de rosas
bem cor-de-rosa em cima do metal negro
            fazendo confusão.

Tudo isto porque não haverá mais
       quem as traga pela mão.

Elas que sempre foram roubadas
das cercas, dos muros e até do portão.

Porém, não se correrá mais riscos,
porque ninguém mais vai roubar Hibiscos.

Mas o simples vaso branco

tão singelo e solitário,
Ficará lá no seu canto
de prontidão e sentinela,
Sempre a esperar uma flor para ela.

Ah,mas quem é ela?

Ela é aquela que só vive sobre a tela

E não da a mínima se a mesa, se a cadeira,
ou mesmo se a sala é dela.

Ah! E ainda faz de tudo para não parecer bela
E nem gosta da Cinderela!

Ao contrário, com suas maneiras,
faz de tudo pra lembrar A Gata Borralheira.

Chega sempre de mansinho

   Pisando devagarinho.

No semblante uma expressão sensível:
   como que a pedir
 para se tornar invisível

E quem quiser disto tudo

  desfrutar um pouquinho,
será bom que se apresse.
Porque ela é como a brisa:
  Rapidinho desaparece! 

        (...)

                          
      Mas não vamos ficar assim,
sempre tudo tem um fim!

E aquele ambiente,

não ficará descontente.

Porque lá nos cantinhos,
ficaram uns vasinhos:
plantados com alguns
 raminhos
Que certamente foram
roubados dos quintais
       vizinhos!


       Leninisia Alencar   
                                                                               

“Machado de Assis”

“A suspeita é a Tênia do espírito; não perece enquanto lhe resta a cabeça” e “quando germina na alma, o menor incidente assume um aspecto decisivo”

( Citação de Machado de Assis em Helena)

Um grande achado de Machado

Para as rosas, o jardineiro é eterno

(Bernard Le bovier de Fontenelle)

(citação de MACHADO DE ASSIS em Quincas Borba)
Rosas, quando recentes, importam-se pouco ou
nada com as cólera dos outros; mas, se definham,
tudo lhes serve para vexar a alma humana. Quero crer que este costume nasce da brevidade da vida.

“Para as rosas, escreveu alguém, o jardineiro é eterno”.
Eu passo, tu ficas, mas eu não fiz mais que florir e aromar ,servi a donas e a donzelas, fui letra de amor, ornei a botoeira dos homens,
Ou expiro no próprio arbusto, e todas as mãos, e todos os olhos me trataram e me viram com admiração e afeto. Tu não, ó eterno, tu zangas-te! Tu padeces, tu choras, tu afliges-te! A tua eternidade não vale um só dos meus minutos.