sábado, 6 de outubro de 2012

O sistema em luto

O dia era como qualquer dia.
 No cotidiano, o normal se transcorria
 Pelo menos, é o que parecia!
Até que deu meio-dia.

 E mais meia hora se seguia.
 E alguém tranquilamente:
 Em algum lugar seu livro lia.
 E até sorria...

 Mas, eis que de repente!
 A porta abre-se violentamente.
 E com sua mão no batente,
 Aparece a vice-presidente.

 E com seu grito estridente,
 Caminhando sempre em frente
 Perguntando a toda gente.

Ei! Você ai! me diz, me diz,
 Aonde está a Imperatriz?
 Que é a Dona deste país!

 E os olhares assustados,
 viram-se para os lados.
E a tal Sinhazinha,
 lá no canto da cozinha.
 “Lugar este, que só ela tinha”

 Em lágrimas se debulhava
Recebendo o consolo
Da dupla de amas que a amparava.

 Descoberto isto então,
 lá se fez a reunião.
 E tal foi a movimentação,
 que lembrava um batalhão.

 E pelo corredor extenso,
 O clima estava tenso.
 O que será? E o que foi?
O que teria acontecido?
O que causara tanta dor?

 E logo chega o agente,
 com a precisa informação.
 Como! Não sabe não?

 O que tanto faz chorar
 A nossa querida Flor?
 É que falecera, o pobre Computador.

 E este então contava,
 que desde as primeiras
 horas da manhã,

 A mocinha soluçava.
 E que até as crianças,
 o motivo perguntava.

E tal foi o alvoroço,
 que até se xinguara
 o tão calado moço.

 E mandaram a pobre velha,
 Que bem rápido,
lhe levasse o almoço;

 E um recado pra dá:
 que já, já, estaria lá.

 Dizem que houve até,
 quem fizesse uma prece.
 E de pagar promessa,
 ao que parece!

 E pode parecer irrisório,
em qualquer território
No tal  ambiente,
o clima era de velório.

 E com síndrome de anacoluto,
 Ela insistia que o ar fosse de luto.

E muitos se fizeram presente
 Ligaram até para o presidente.

 Avisando-o da situação
 E este que já estava a caminho,
 chegou trazendo a solução.

 E terminado o assunto,
 Eis que lá vêm elas pelo corredor
 carregando em partes, o tal defunto.


E por ser tratar do segundo horário,
O colocaram com muito jeito
 no carro funerário.

 E entregue sob muitas
 recomendações,
 Ao servidor operário.

 Leninisia Alencar

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