segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Na contra mão

Hoje, não vou tomar nenhum remédio!
Não quero saber se vou ter crise de euforia
Ou se vou morrer de tédio!

Hoje, não vou fazer nenhuma oração!

Não pensar se serei condenada
Ou se terei salvação!

Hoje, quero ter o direito de me sentir triste,

De chorar de saudade e fazer cara feia!
E discordar de um sistema que insiste
Que devo ser alegre feito um bobo-da-corte 
E ser sempre bela como uma sereia!

Hoje, quero contar minha própria história

Quero falar da minha dor
Não me preocupar se vou ter vitória

E assumir o meu mal humor
Admitir todo o meu cansaço,
Gritar bem alto que me falta um pedaço!

Hoje, não quero saber

De presente, passado ou futuro;
Me libertar dessa referência que me intriga
Quebrar o elo que me prende e me obriga 
A viver esse tempo tão escuro!

Hoje, quero viver simplesmente

Aquilo que eu sou em essência,
Escancarar as lacunas
Onde se esconde minha indecência

Mostrar falhas, defeitos e erros
Encarar todos os meus medos
Perseguir incertezas, idolatrar dúvidas
E expor de vez, que eu tenho segredos!

Hoje, quero liberar os meus sentidos,

Olhar para o horizonte perdido
Ouvir uma voz sussurrar nos meus ouvidos:
Que chegou a hora de por em prática, 
Tudo aquilo que ainda não foi vivido!



Leninisia Alencar

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